Com as mãos marcadas pelo incêndio, o piloto Elves Crescêncio revelou em depoimento como foi que o balão pegou fogo, caiu e matou oito pessoas em Praia Grande na manhã de sábado (21). Em meio às lágrimas, o condutor diz que tentou apagar incêndio com os pés após o extintor não funcionar. Mesmo com tudo queimado, ele ainda tentou arrancar a capa e o cilindro em chamas. A apuração é do Fantástico em conjunto com a NSC TV.
São mais de três anos de experiência e 700 horas de voo. Conforme apurado pelo Fantástico com a Polícia Civil, Elves tinha autorização para pilotar o balão.
“A gente voa muito aqui na cidade, muito tranquilo. É um balão bem grande, ele levanta, de passageiros, 1950 quilos, ele tem uma força tremenda. Entendi que dava para decolar, todo mundo voou, decolou, acredito que por volta de 40, 45 balões. Decolei também e ali com algo em torno de dois minutos estimados, de voo, eu sinto um cheiro de queimado dentro do cesto. Quando eu olhei para baixo, era a capa do tanque de gás”, contou o piloto em depoimento.
Foi assim que Elves viu que o fogo tinha começado. Imediatamente, tentou apagar o incêndio com os pés. Em seguida, puxou o lacre do extintor e, ao apertá-lo, viu que o pó não saía.
“A hora que apertei, ele não saiu nada de pó. Estou com os dedos tudo queimado, tentei arrancar [o cilindro]”, disse já em meio às lágrimas.
Victor Hugo Mondini Correa, um dos sobreviventes, conta que Elves realmente tentou tirar o cilindro que estava pegando fogo e arremessar para fora do balão. Entretanto, o fogo teria aumentado ao atingir um segundo cilindro, conforme a vítima.
“O que ele tentou fazer, na verdade, foi tirar aquele cilindro que estava pegando fogo para jogar fora. A hora que pegou, o fogo do primeiro cilindro e foi para o segundo, foi que ele falou ‘não, a gente vai descer’. E de repente ele falou o seguinte: ‘vai tocar o solo, quando tocar o solo pulem’. Foi essa a orientação dele” contou Victor.