Pelo menos 30 costureiras que tomaram um calote em seus salários fizeram um protesto na quarta-feira em frente a uma empresa de facção têxtil na avenida Santa Catarina, no Centro de Barra Velha. O grupo exigia o pagamento e enfrentou o proprietário da empresa, de inicial R., acusado de mentir para elas sobre os recursos. Segundo K., moradora de Araquari e representante das trabalhadoras, o contratante recebia adiantado e não pagava os salários das costureiras tanto em Barra Velha quanto em Araquari.
A empresa dele presta serviços para outras confecções, e ele alegava ser o prejudicado por não receber também destas empresas – versão que, segundo as costureiras, é falsa.
“O dono da terceirizada confirmou que pagou para ele. E ele não nos pagou”, acusa K.
O acusado teria aplicado o mesmo tipo de golpe em Correia Pinto e em Lages, na serra catarinense.
“Ele conseguiu uma empresária de Barra Velha como sócia, de boa-fé, mas ela também foi lesada”, apontam as costureiras.
“E, antes disso, uma outra costureira, a J., também”, detalhou K. ao Diarinho.
A situação se agravou quando o contratante locou outro galpão para trabalho em Barra Velha, e não pagou. Até mesmo máquinas de costura cedidas a ele em Araquari teriam sumido do local. As trabalhadoras pedem apenas o pagamento destas dívidas salariais, e estão paradas – não apenas pela falta do pagamento, mas segundo K. porque ele também não contratou mais serviços para a unidade de Barra Velha e esvaziou as funções das vítimas.
Na quarta, num dos momentos mais tensos do enfrentamento entre elas e o contratante, uma das costureiras chegou a chutá-lo e xingá-lo.
“Você não é homem; eu te enfio na cadeia”, gritou uma das trabalhadoras.
Um segundo homem aparece nas filmagens, também cobrando o comerciante, e a Polícia Militar foi chamada para acompanhar o impasse.
“Se vocês botar isso aqui na mídia, vocês vão receber?”, chega a questionar o empresário, ao ver o enfrentamento ser filmado.
Segundo ele, as trabalhadoras o fizeram “passar vergonha”. Mas as mulheres reagiram: “Viemos atrás dos nossos direitos”, diz uma delas, lembrando que há aluguel para pagar e comida para comprar para os filhos.
Procurado pela reportagem, o empresário alegou que não vai se pronunciar, pois já foi “exposto” pelas funcionárias, e pensa em acionar a Justiça contra quem divulgar o caso. No vídeo, ele alega que irá quitar as dívidas com as trabalhadoras – sem apontar datas.