Uma cidade de Santa Catarina pode ser a única no mundo a ter um encontro geológico raro, que resulta em um curioso contraste de cores às margens do oceano. É Barra Velha, no Litoral Norte catarinense, que ostenta o costão das pedras brancas e negras, ponto que atrai curiosos e virou atração turística. O que poucos sabem é que a história por trás da beleza natural é tão interessante quanto poder apreciar o fenômeno.
De um lado, está a Praia do Sol. De outro, a Praia da Barrinha. Separando as duas há um costão e uma pequena passarela. Até aí, nada de diferente para uma cidade litorânea. O que chama atenção, porém, são as cores das pedras. Os 200 metros de extensão de rochas escuras, chamadas de ultramáficas, de repente acabam e dão lugar aos 130 metros de um material claro, os blocos de quartzo leitoso.
Os nomes são difíceis, mas basicamente significam que as pedras negras contêm 90% de minerais ricos em ferro e magnésio — o que explica a cor escura —, e as outras são formadas por um único mineral, o quartzo. Elas surgiram em tempos diferentes, explica o geólogo Jonathan Silvestrini Lopes. Primeiro vieram as pretas, em uma época que mal havia vida na terra, há aproximadamente 2,8 bilhões de anos, na Era Neoarqueana.