Vestígios de possível cidade perdida são investigados por pesquisadores em Garuva

Área localizada nos Campos do Quiriri, em Garuva, guarda formações geométricas em rochas que indicam a possibilidade de uma cidade perdida ter existido na região.

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Não é de hoje que o Caminho do Peabiru – conjunto de trilhas criado por volta de 400 e 500 d.C e que liga o Oceano Pacífico ao Oceano Atlântico – instiga pesquisadores a buscar evidências que ajudem a entender melhor esta rota histórica. Agora, uma nova linha de pesquisa tenta decifrar formações geométricas em rochas nos Campos do Quiriri, em Garuva, no Norte de Santa Catarina, que podem indicar que uma cidade perdida tenha existido na região há milhares de anos.

O grupo Brasil Primitivo, liderado pelo pesquisador e entusiasta do Caminho do Peabiru, André Rockenbach, realizou uma expedição à região, que se encerrou na última terça-feira (27). Em parceria com a Dakila Pesquisas, o grupo utilizou métodos inéditos para colher evidências que ajudem a explicar as formações geométricas e uma parte importante da história da região que é pouco conhecida.

Segundo Rockenbach, os Caminhos de Peabiru ainda são cheios de mistérios. “Estamos buscando novas evidências para entender melhor a história dos Caminhos de Peabiru e, também, principalmente, promover ele”, explica.

Durante as pesquisas, os historiadores buscam vestígios de outras civilizações, e foi o que levou o grupo a encontrar as chamadas pedras geométricas na região do Quiriri. Um scanner chamado LiDar foi utilizado para fazer uma espécie de varredura pelo local, em uma iniciativa inédita nesta pesquisa.

“Essa imagem chama muita atenção. A gente não está afirmando que ela é algo com intervenção humana, mas existem boas chances”, detalha Rockenbach.

De acordo com o pesquisador, se as formações forem obra de intervenção humana, é difícil afirmar quais povos podem ter realizado este trabalho, mas ele garante que indígenas Guaranis não estariam envolvidos.

“Não se sabe se pode ser Inca, [mas] Guarani não é, os índios não faziam isso. Tendo a chance de não ser Inca, foi algum outro povo que fez […] um povo mais antigo que dá sim chances e abre para uma vertente de uma possível cidade perdida, bem remota”, explica o André.

Além das formações, outras pedras que lembram rostos humanos foram encontradas na região da possível cidade perdida. André Rockenbach acredita que os desenhos tenham sido feitos por povos que passaram pela região. Confira:

Os Caminhos de Peabiru são um conjunto de trilhas incas da América pré-colombiana, que ligava a região da cidade peruana de Cusco até o Oceano Atlântico, passando por trechos de Santa Catarina.

Há diversas vertentes que indicam diferentes usos para a trilha, como rota comercial, caminho religioso ou migratório. O Caminho do Peabiru foi percorrido por um europeu pela primeira vez por volta de 1524, quando o navegador português Aleixo Garcia decidiu caminhar mais de 3 mil quilômetros até os Andes.

Partindo do litoral catarinense, onde naufragou oito anos antes, Garcia ficou fascinado com histórias sobre um caminho que levava até um império nas montanhas, rico em ouro e prata. A expedição foi acompanhada por 2 mil guerreiros guaranis.

Para André Rockenbach, os estudos do Caminho do Peabiru e de povos originários que habitaram a região há milhares de anos são fundamentais para preservar a história anterior à colonização.

“É a nossa história, sagrada. O pessoal só fica falando da história de portugueses e espanhóis, mas uma história contada por conquistadores não é uma verdadeira história. O Brasil não é ‘portugueses e espanhóis’. O Brasil é o índio Guarani, no caso do Peabiru, os índios Guaranis que vieram os incas do Peru para cá. O Brasil antes de 1500 é a verdadeira história”, defende o pesquisador.

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