O Joinville retorna à Série D do Campeonato Brasileiro após três anos sem disputar uma divisão nacional. Desde a eliminação nos pênaltis para o Uberlândia (MG), nas oitavas de final da competição de 2021, até o jogo de estreia da Série D 2025 neste sábado, 19, contra o Guarany de Bagé (RS), na Arena Joinville, são exatos 1.295 dias.
De lá para cá, muitas coisas mudaram, mas a dificuldade financeira permanece. Uma das principais mudanças ocorreu em 2022, quando o clube entrou com pedido de recuperação judicial para quitar uma dívida de mais de R$ 20 milhões.
Também em 2022, houve mudança na presidência. Charles Fischer deixou o cargo e Darthanhan de Oliveira assumiu por aclamação. O novo presidente manteve o clube “de pé”, mas os resultados esportivos não foram imediatos.
Assim como no ano anterior, em 2023 o JEC não conseguiu vaga na Série D via Campeonato Catarinense. Na Copa SC caiu na primeira fase novamente, porém, com o então técnico Fabinho Santos, conseguiu manter um time-base para o estadual.
Em 2024, com contratações importantes, como a do atacante Yuri Mamute, o Joinville conquistou a tão esperada vaga na Série D após ficar com a terceira melhor posição entre os clubes que não tinham divisão nacional garantida.
“Jornada do acesso”
Com o objetivo claro de buscar o acesso à Série C já na volta à quarta divisão nacional, a diretoria lançou a “Jornada do Acesso” ainda em junho do ano passado.
Em evento na Expoville, o JEC apresentou o plano dos então 18 meses do calendário do Tricolor, que incluía a Copa Santa Catarina 2024, o Campeonato Catarinense 2025 e o Campeonato Brasileiro da Série D 2025. Além disso, oficializou a contratação de Felipe Ximenes como CEO do clube.
O comandante escolhido para o período foi Ney Franco. Entretanto, as estratégias fora de campo não se refletiram dentro dele e a campanha da Copa SC foi a pior da história do clube. Com isso, Franco deixou o comando técnico da equipe com cinco empates e duas derrotas.
Campeonato Catarinense
O substituto foi um velho conhecido da torcida: Hemerson Maria, campeão da Série B de 2014. O técnico chegou com duas principais missões: conquistar a vaga na Série D de 2026 e o acesso à Série C. A primeira foi concluída com sucesso após eliminar o Criciúma e chegar às semifinais do Campeonato Catarinense após nove anos.
A garantia de pelo menos mais um ano com vaga na Série D foi importante ao clube, que não chega à Série D com a “corda no pescoço” e tendo a obrigação de subir de divisão para não ficar novamente sem calendário nacional.
A campanha teve 13 jogos, com três vitórias, seis empates e quatro derrotas. Foram 12 gols marcados e 17 sofridos. O último número preocupa para a Série D, visto que a defesa foi vazada muitas vezes, algo que não acontece na maioria das equipes comandadas por Maria.
O ponto alto da campanha foi eliminar o maior rival nos pênaltis em pleno Heriberto Hülse, e o ponto baixo foi a derrota para o lanterna Hercílio Luz, fora de casa, com um pífio desempenho.
A equipe manteve boa parte do elenco para disputar o Brasileirão. Apesar disso, o rendimento da equipe não agradou a todos, e as desconfianças quanto a um possível acesso são notáveis, principalmente após jogadores importantes na campanha do Catarinense deixarem o elenco antes do início da Série D.
Cristian Renato, principal atacante da equipe e que marcou cinco gols, voltou ao Mirassol após empréstimo. O clube paulista disputa a Série A pela primeira vez na história, e o jogador marcou gol na estreia contra o Fortaleza.
O meio-campista Marcinho, que jogou apenas quatro jogos com a camisa tricolor, mas que foi fundamental na reta final do estadual com dois gols e duas assistências, foi vendido para a Chapecoense. Já o volante Breno Santos foi cedido por empréstimo, com opção de compra, para a Ferroviária-SP. Ambas as equipes vão disputar a Série B.
Chegadas e saídas
Chegaram: Léo Campos (LE, Velo Clube-SP), Guilherme Escuro (V, Piauí), Jean Carlos (V, Flamengo), Zé Vitor (V, Avenida), Alisson Taddei (M, Foresta-CE), Juliano (M, Barra) e Douglas (PD, Brasiliense).
Saíram: Breno Sossai (goleiro – Americano-RJ), Alyson (volante – Americano-RJ), Antônio Porto (atacante – Nacional de Muriaé-MG), João Macário (ponta – Ipatinga-MG), Rickelme Lopes (M, Sergipe), Cristian Renato (atacante – Mirassol), Marcinho (meia – Chapecoense), Breno Santos (volante – Ferroviária-SP) e Pedro Henrique (PSTC-PR).
Voltaram de empréstimo: Vitão (zagueiro, ABC) e Gabriel Chagas (volante, XV de Jaú-SP).
Confira o elenco completo:
Goleiros: Bruno Pianissola, Bazílio e Borges
Laterais-direitos: Danilo Belão e Ryan
Zagueiros: Guti, Léo Rigo, Naldo, Carlos Alexandre e Vitão
Laterais-esquerdos: Léo Campos, Matielo e Ernandes
Volantes: Vini Paulista, Yalle, João Mafra, Guilherme Escuro, Jean Carlos, Gabriel Chagas e Zé Vitor
Meias: Lucas de Sá, Alisson Taddei e Juliano
Pontas: Júlio César, Marcos Brazion, Keké, Juninho, Kennedy e Douglas
Centroavantes: Caion, João Gabriel e Yuri Souza
O atacante Kennedy está em tratamento após passar por uma cirurgia por conta de uma fratura na fíbula no jogo contra o Concórdia, no dia 22 de janeiro. O jogador realiza atividades junto à fisioterapia do clube e tem previsão de ficar à disposição em um mês.
Expectativa
O técnico Hemerson Maria destaca que a Série D é diferente das outras séries do futebol brasileiro, principalmente pela questão física.
“É uma competição física, em que você tem o espaço de uma semana para recuperar os atletas fisicamente, os lesionados e para poder analisar o adversário. O time chega para o jogo, como se diz na gíria, com o ‘tanque cheio’”, ressalta.
O treinador ainda diz que não deve haver muitas mudanças em questões táticas em relação ao que foi apresentado no Campeonato Catarinense, mas reconhece que a equipe precisa de mais equilíbrio.
“Tivemos alguns desequilíbrios dentro do estadual. Quando a equipe tomava algum gol, ela tinha certas dificuldades para reagir. Penso que, nesse quesito, temos que evoluir bastante, ter muita atenção nos momentos do jogo, não se empolgar quando estiver vencendo e não ter a queda mental quando tomar um gol.”
Já o meia-atacante Juliano, contratado pelo JEC após disputar o estadual pelo Barra, está com a expectativa de atuar pela primeira vez com a camisa do clube. “Sabemos que quando viemos jogar aqui a torcida é muito apaixonada, fanática, então isso favorece a nossa equipe para jogar em casa”, exalta.
“Sabemos que é uma competição difícil, de muito contato físico, bola aérea, de primeira e segunda bola, e vejo a nossa equipe com a característica de brigar por cada bola. A nossa equipe também é muito técnica, então não devemos nos prender somente à bola parada, mas devemos ter um jogo disputado embaixo, com posse de bola.”
Formato e cotas
A Série D é formada por 64 clubes, que estão divididos em oito grupos regionais com oito clubes em cada um. Os jogos são de ida e volta, o que totaliza 14 jogos na primeira fase.
Se classificam os quatro melhores de cada grupo para a fase de 16 avos, que terá 32 clubes. Na terceira fase serão 16 equipes e, na quarta fase, apenas oito. Os quatro clubes que chegarem até a quinta fase (semifinais) garantem o acesso à Série C.
O valor das cotas de participação dos clubes foi definido pela CBF em conselho técnico na última semana. Todos os 64 clubes vão ser beneficiados logo na primeira fase com R$ 450 mil — pago em três parcelas de R$ 150 mil — sendo que será enviado um valor extra de R$ 8 mil para que cada clube compre um desfibrilador.
Nas quatro fases seguintes, será pago mais R$ 170 mil e, na final, aumenta para R$ 250 mil para cada um dos finalistas. Quem chegar até a decisão pode acumular R$ 1,358 milhão.
Na primeira fase, o JEC terá sete adversários, que são: Azuriz-PR, Barra-SC, Marcílio Dias-SC, São José-RS, São Luiz-RS, Guarany de Bagé-RS e Brasil de Pelotas-RS.
Hemerson Maria frisa que o grupo A-8 é um dos mais difíceis dentro da competição nacional. “É um grupo muito equilibrado, e o grande segredo, talvez, para obter sucesso é se adaptar ao modelo da competição, que requer um modelo mais físico, atenção em bola parada, paciência para ‘furar’ um bloco baixo de equipe que virá aqui na Arena e não propor jogo, equilíbrio emocional, entre outros fatores”, exemplifica.
Até o momento, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) desmembrou somente os dias e horários dos jogos do primeiro turno.
Confira a tabela do JEC:
JEC x Guarany-RS — 19/4 – 15h30 (sábado)
São José-RS x JEC — 27/4 – 18h (domingo)
JEC x Azuriz-PR — 3/5 – 15h (sábado)
Marcílio Dias x JEC — 10/5 – 18h (sábado)
JEC x Barra — 17/5 – 15h30 (sábado)
São Luiz-RS x JEC — 24/5 – 16h (sábado)
JEC x Brasil-RS — 31/5 – 15h30 (sábado)
É importante ressaltar que a diretoria do clube joinvilense decidiu que os jogos como mandante na Arena Joinville serão sempre aos sábados, às 15h30. Ou seja, a partida contra o Azuriz deve ter um ajuste de horário.
Em relação às transmissões, os clubes catarinenses fecharam uma parceria com a Federação Catarinense de Futebol (FCF) para que ela transmita os jogos da competição no canal do YouTube da federação.
Veja informações dos sete clubes que enfrentam o JEC na primeira fase:
*A ordem destacada será da sequência dos confrontos contra o Tricolor
Guarany de Bagé-RS
O Guarany Futebol Clube, mais conhecido como Guarany de Bagé, vai disputar a Série D do Campeonato Brasileiro pela primeira vez na história após boa campanha no estadual do ano passado.
Neste ano, assim como o JEC, também já conquistou vaga para a Série D de 2026 após se classificar na primeira fase do Gauchão e chegar à semifinal do Troféu Farroupilha (disputa do 5º ao 8º lugar). Também disputou pela primeira vez a Copa do Brasil, sendo eliminado na segunda fase para o Athletico-PR.
A base do elenco que disputou o estadual foi mantida, com poucas saídas e chegadas de sete atletas até o momento. O técnico Márcio Nunes, de 44 anos, foi mantido no cargo.
Ele teve apenas uma atividade amistosa na intertemporada após o estadual, que foi justamente contra um rival do grupo, o Brasil de Pelotas. Apesar de não ser comum, a proximidade entre as cidades gaúchas fez com que o duelo acontecesse e terminasse em 0 a 0.
São José (RS)
O São José, sediado em Porto Alegre, chega para a disputa da quarta divisão nacional após sete anos na Série C. No ano passado, ficou na última posição com apenas 11 pontos em 19 jogos e foi rebaixado.
O ano de 2025 também não começou bem para o clube, que fez um Campeonato Gaúcho irregular e teve que disputar o quadrangular do rebaixamento. O técnico Rogério Zimmermann foi demitido antes de esta fase começar, com Hélio Vieira tendo a responsabilidade de deixar o clube na elite do estadual — e conseguiu.
Para a Série D, o Zequinha contratou o treinador Gabardo Júnior, de 42 anos, que encerrou a carreira como jogador no clube em 2003. Foi no São José onde também iniciou a trajetória como treinador. Já para o elenco, foram realizadas, até o momento, sete contratações.
Por conta da troca do gramado para grama sintética no Estádio Passo D’Areia, o jogo contra o JEC na segunda rodada será no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo.
Azuriz (PR)
O Azuriz, clube empresa que disputa a Série A do Paranaense desde 2020, será o único representante do estado no grupo A-8.
O clube não fez uma boa primeira fase do Campeonato Paranaense, mas se classificou em sétimo lugar. Com isso, chegou nas quartas de final, onde foi eliminado pelo Athletico-PR, e conquistou vaga na Série D de 2026.
O comandante da equipe é o técnico Cícero Júnior, de 45 anos, que comandou o Athletic-MG ao acesso à Série C em 2023. O Azuriz disputará a Série D pela segunda vez.
O elenco para a competição teve apenas cinco baixas e a diretoria realizou dez contratações para reforçar o plantel.
Marcílio Dias
Um dos três catarinenses do grupo, o Marcílio Dias volta a disputar a Série D após dois anos sem calendário nacional. A última participação foi em 2022, quando caiu na primeira fase.
A vaga na Série D deste ano foi conquistada após uma boa primeira fase do estadual do ano passado. O Marinheiro ficou em terceiro lugar, mas caiu nas quartas de final para o Brusque.
Neste ano, acabou não tendo a mesma campanha na primeira parte, mas conseguiu chegar às quartas de final novamente. Porém, caiu para o Santa Catarina em confronto direto e único por uma vaga na Série D de 2026.
Ainda no meio do estadual, o Marinheiro teve troca de técnico após Eduardo Souza pedir demissão para assumir o Barra. O substituto escolhido foi Cristian de Souza, de 47 anos. Até o momento, o clube realizou oito contratações.
Barra
O Barra fecha a lista de participantes de Santa Catarina na edição da Série D de 2025. O Pescador vem de polêmica no Campeonato Catarinense, após ter um gol invalidado logo depois do apito final contra o Caravaggio, na última rodada da primeira fase. Com o empate, acabou sendo eliminado em nono lugar e sem vaga na Série D de 2026.
Na Justiça, o Barra alegou que houve erro de direito na decisão do árbitro Bráulio da Silva Machado e pediu a impugnação do confronto e que fosse considerado vencedor do duelo. Caso isso acontecesse, o clube ultrapassaria o JEC na tabela de classificação e quem ficaria sem a vaga do Brasileirão do próximo ano seria o tricolor.
Entretanto, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJD-SC) não acatou o pedido. O caso deve seguir no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), mas segue sem data para qualquer julgamento.
Com a decisão do TJD-SC, o Barra necessita conquistar o acesso à Série C ou ser campeão da Copa Santa Catarina para não ficar sem calendário nacional em 2026.
O técnico da equipe será Eduardo Souza, mantido no cargo após o estadual. Até a primeira rodada, o Barra anunciou seis novas contratações.
São Luiz (RS)
O São Luiz de Ijuí irá participar pela terceira vez da Série D do Brasileirão, sendo que em 2020 teve a melhor campanha quando chegou às oitavas de final. No Gauchão deste ano, o clube não iniciou bem e a diretoria decidiu trocar Alessandro Telles por Pedro Iarley no comando técnico.
A mudança surtiu efeito e Iarley conseguiu colocar o clube na final da Taça Farroupilha, onde perdeu o título para o Ypiranga. Com a campanha, conquistou a vaga na Série D da próxima temporada.
O trabalho do técnico Iarley foi mantido para o Brasileirão e, até o momento, dez contratações foram realizadas para a competição nacional.
Brasil de Pelotas
Último adversário do JEC no turno e returno, o Brasil de Pelotas vive uma temporada terrível, já que foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Gaúcho. O clube foi lanterna tanto na primeira fase quanto no quadrangular do rebaixamento.
O comando técnico foi alterado e Émerson Cris, de 47 anos, será o responsável por guiar a equipe à beira do gramado. Ele será o terceiro treinador do clube em apenas quatro meses.
Para a Série D, o plantel também foi reformulado e 15 contratações foram realizadas. Uma delas foi do atacante Alisson Mira, que jogou no JEC em 2020.
Confira todos os grupos da Série D 2025:
Grupo A1: Independência (AC), Humaitá (AC), Manaus (AM), Manauara (AM), Tuna Luso (PA), Águia de Marabá (PA), GAS (RR) e Trem (AP);
Grupo A2: Maracanã (CE), Iguatu (CE), Sampaio Corrêa (MA), Maranhão (MA), Altos (PI), Parnahyba (PI), Tocantinópolis (TO) e Imperatriz (MA);
Grupo A3: Ferroviário (CE), Horizonte (CE), Sousa (PB), Treze (PB), Santa Cruz (PE), Central (PE), América (RN) e Santa Cruz (RN);
Grupo A4: ASA (AL), Penedense (AL), Sergipe (SE), Lagarto (SE), Barcelona de Ilhéus (BA), Jequié (BA), Juazeirense (BA) e União (TO);
Grupo A5: Ceilândia (DF), Capital (DF), Aparecidense (GO), Goiânia (GO), Mixto (MT), Luverdense (MT), Porto Velho (RO) e Goianésia (GO);
Grupo A6: Rio Branco de Vitória (ES), Porto Vitória (ES), Nova Iguaçu (RJ), Boavista (RJ), Pouso Alegre (MG), Maricá (RJ), Portuguesa (SP) e Água Santa (SP);
Grupo A7: Goiatuba (GO), Itabirito (MG), Inter de Limeira (SP), Monte Azul (SP), Operário (MS), Uberlândia (MG), Cascavel (PR) e Cianorte (PR);
Grupo A8: Azuriz (PR), Joinville (SC), Barra (SC), Marcílio Dias (SC), São José (RS), São Luiz (RS), Guarany de Bagé (RS) e Brasil de Pelotas (RS).